Remédios psiquiátricos são perigosos e viciam?
Temos aqui um típico preconceito por generalização. Há remédios psiquiátricos que apresentam riscos e devem ser acompanhados com cuidado, como a conteve em toda a medicina. Porém 90% dos psicofármacos são seguros. Os tranquilizantes viciam de fato, mas ninguém fica preso aos tranquilizantes por causa disso ao contrário do que a maioria pensa, inclusive muito médicos. O termo dependência é um termo pesado, usado para situações graves como o alcoolismo, dependência à cocaína injetável, etc. A dependência induzida pelos tranquilizantes é 100% reversível, basta que a medicação seja retirada gradualmente. A grande confusão que é que quanto à cronicidade (permanência prolongada) dos sintomas que os tranquilizantes tratam como a ansiedade. Os transtornos de ansiedade frequentemente duram décadas ou toda a vida e quando um paciente obtém os benefícios com a eliminação dos sintomas e posteriormente experimentam retirar o tranquilizante e recaem dos sintomas logo são acusados de estarem dependentes quando na verdade houve uma recaída, ou retorno dos sintomas de ansiedade. É muito difícil diferenciar os sintomas da recaída de ansiedade dos sintomas da abstinência aos tranquilizantes, mas nessas situações a culpa é sempre do remédio, ainda que não seja possível provar. A dependência é única preocupação relevante quanto aos tranquilizantes (remédios de tarja preta). Os antidepressivos apresentam certos perigos. Os do grupo dos tricíclicos podem levar a fatalidade quanto tomada em mega doses, já os inibidores seletivos da recaptação da serotonina não são letais mesmos em mega doses. Alguns antipsicóticos podem provocar problemas na condução elétrica do coração, o que só é preocupante em cardiopatas, pessoas sem problemas cardíacos não há maiores problemas. Há um antipsocótico que há 30 anos foi relacionado há diversas mortes por inibição das células de defesa e retirado do mercado. Reintroduzido no mercado sob cuidados extremos, não provocou o mesmo efeito, pelo menos no Brasil em dez anos não nenhum relato.
Crianças não podem tomar psicofármacos. Podem sim, e se beneficiam muito quando precisam deles. No entanto a maioria dos psicofármacos não foi estudada para crianças por isso recomenda-se não usá-la antes que sejam feitos os devidos testes. O fato de uma criança ter precisado de um psicofármaco não significa necessariamente que seja mais grave ou que tenha um futuro menos promissor que outras crianças de sua idade.
Hospitais Psiquiátricos são desnecessários?
A porcentagem dos pacientes que necessita de internação é pequena, mas para esta o recursos da internação não pode faltar. Socialmente fica bonito falar em fechamento dos hospitais psiquiátricos que têm sido pejorativamente tratados como manicômios, como se a doença mental tivesse sido domada pelas próprias medicações que são tão rejeitadas pela mesma sociedade. Os psicofármacos fizeram de fato uma revolução na psiquiatria, mas não conseguiram resolver todos os problemas. Há pacientes psicóticos crônicos que não respondem às medicações e são violentos, pondo em risco a si e seus familiares. Há pacientes com retardo mental com elevado grau de agressividade. Há casos em particular que uma internação é inevitável. Além disso, há também a realidade brasileira da pobreza e da miséria. Como uma família pobre, que tem criança, idoso ou portador de alguma deficiência física em casa pode lidar com uma pessoa que não vê problema em procedimentos de risco. As famílias dos doentes mentais nessas circunstâncias, se não obtêm apoio estatal ou abandonarão o doente à sua própria sorte, que se tornarão mendigos, ou se desintegrará como família, tal o sofrimento trazido pelo comportamento do paciente psiquiátrico. Nessas famílias os membros saudáveis muitas vezes têm sua vida impedida de seguir num rumo saudável e próspero porque a doença do paciente psiquiátrico consome todos os recursos dessa família. Há casos em que não é possível sequer, o paciente ter alta porque as condições sociais da família do doente mental não são suficientes nem para si mesmo, menos ainda para amparar o filho doente dessa família. Como pensar em fechar os hospitais psiquiátricos na crua realidade brasileira?
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