sábado, 17 de dezembro de 2011

CAPS GERAL confraternizando com muita alegria...

Estamos no final de mais um ano, foram muitas dificuldades mais nada impediu de que a nossa unidade e os nossos usuários não pudesse ter uma festa de confraternização recheada de muita alegria e harmonia . O CAPS GERAL SER VI teve uma festa digna e necessária, afinal nós somos uma equipe, confira as imagens a seguir.





Tivemos música, poesia, dança, atividades e muita alegria...



















domingo, 4 de dezembro de 2011

Quando a ansiedade vira problema


Ela é tão comum quanto a alegria, a tristeza, o medo. Faz parte da constituição das emoções humanas. Aprender a notar os próprios sinais e modificar a maneira como vivencia o cotidiano pode ser os caminhos para evitar que o comum se torne problema e crise

Muitas são as pessoas que se definem como ansiosas. Entretanto, a ansiedade é algo normal e necessário para enfrentar o dia a dia, as obrigações e as expectativas. Ao se fazer uma prova, ao se submeter a uma entrevista de emprego, ao não saber o que vem em seguida. Segundo Tatiana Tostes, psicóloga e professora da Universidade de Fortaleza (Unifor), todos nós temos quadros de ansiedade em situações pontuais.

“A ansiedade faz sempre referência a algo que está fora do meu controle, algo que me é estranho, mas que não é de todo desconhecido. É como se fosse alguém que está para chegar, eu sei que vai chegar, mas não sei quem é”, indica Tatiana Tostes.

Ela complementa que o cenário atual favorece esses quadros, pois estamos o tempo inteiro às vias de situações concretas que nos colocam diante daquilo que não podemos controlar, o que nos deixa em alerta.

Para o psiquiatra Fabio Gomes de Matos, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), a quantidade de tarefas que as pessoas se propõem a dar conta não condiz com o tempo disponível, o que também favorece experiências de quadros ansiosos.

“É uma sociedade que vai se tornar cada dia mais ansiosa, a não ser que as pessoas entendam e revejam seus processos”, o comenta. E entre essas pessoas, o psiquiatra indica que as mulheres têm o dobro de casos de ansiedade em comparação com os homens.

O psiquiatra ressalta que não existem comprovações científicas para essa prevalência, mas a hipótese de que existe uma percepção feminina do mundo que é diferente da percepção masculina pode ser levada em conta.

Ele lembra que existe uma quantidade ímpar de tarefas que as mulheres se envolvem que causam ansiedade. “É muita coisa no ar para que as mulheres possam fazer algum tipo de otimização em todas as áreas”, opina o psiquiatra.

Entre homens e mulheres, reconhecer quando a ansiedade passou a ser um problema e buscar ajuda são os preceitos para uma vida com qualidade. Ela, ansiosa e em processo de conhecimento, admite que, até ir buscar ajuda ter consciência que o que tem não era frescura ou exagero, aconteceu uma luta na própria mente. Ele lembra que a crise de ansiedade, que o levou a perder o emprego, foi a única maneira que permitiu que visse o que estava acontecendo.

“Assim como eu, muita gente deixa para procurar ajuda quando está em crise. Eu poderia não ter chegado a uma situação de estresse tão grave se houvesse admitido o problema antes”, comenta ele, que tem 36 anos, trabalha em negócio próprio e recuperou o relacionamento familiar.

Com a relevância do tema para a saúde das pessoas, a Ciência e Saúde buscam os limites da ansiedade e o impacto que causa na qualidade de vida das pessoas, assim como as formas indicadas para lidar com essa realidade.

Ansioso, mas com qualidade de vida.
Mesmo a ansiedade sendo natural ao ser humano, chega um ponto em que ela se torna um problema difícil de conviver. E é nesse momento em que a ajuda se coloca como uma necessidade para que a qualidade de vida seja uma realidade.

“Como ansiedade é algo que todo mundo tem, achamos que o que temos é normal, que deve ser besteira e isso faz com que a gente demore muito até perceber que é mais sério do que pensamos”, comentou aquela que sempre foi ansiosa, agoniada e queria fazer tudo de uma vez. Ela opta por não se identificar para evitar o julgamento dos outros, ainda atrelados ao desconhecimento e ao preconceito.
No começo, acreditava que a ansiedade era mais uma característica sua e, como conseguia relaxar no fim de um trabalho ou em um feriado, não a afetava.

O problema surgiu quando a ansiedade foi ficando pior e constante. “Não dependia mais da época, se tinha algo importante no trabalho ou não. Eu me preocupava extremamente com tudo. Deixar algo para o dia seguinte era uma noite mal dormida com certeza”.

E foi nesse momento em que surgiram os sintomas físicos: dor de cabeça, tontura, enjoo e dor de barriga, devidamente ignorados e relegados a uma virose. “Isso foi ficando constante e, depois, comecei a ter umas crises: coração disparava, ficava com falta de ar, mãos e lábios formigavam. Foi nesse ponto em que procurei ajuda”.

Tatiana Tostes, psicóloga e professora da Universidade de Fortaleza (Unifor), explica que a ansiedade passa a ser patológica quando traz sofrimento. Ela lembra que o ideal para aquela pessoa que tem traços de ansiedade na sua personalidade é que encontre saídas como atividades esportivas e artísticas.

Psicoteapia

Entretanto, quando essas estratégias não dão conta e a sensação de desconforto continua constante, é hora de buscar uma psicoterapia, comenta Tatiana, que é membro do Laboratório de Pesquisa em Psicologia e Saúde da Unifor (Lapsis) e do Laboratório de Estudos e Intervenções Psicanalíticas na Clínica e no Social (Leipcs)

O psiquiatra Fabio Gomes de Matos, professor do curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), esclarece que a incapacitação, o incômodo ou o fato de que algo é hiperdimensionado em relação aos outros são critérios que podem indicar quando a ansiedade se tornou um problema e precisa de tratamento.

E se há um quadro mais grave envolvendo sintomas físicos e fisiológicos, pode ser necessário um acompanhamento e uma intervenção medicamentosa para conter a situação.

Foi o caso do profissional de 36 anos que sofreu uma crise de estresse em um contexto de trabalho que não diferenciava dia, noite e fim de semana. Um amigo notou a diferença comportamental e o levou para o Hospital de Saúde Mental de Messejana (HSMM), onde ele foi diagnosticado com estresse e ansiedade.

Naquele momento, ele já contabilizava uma semana dormindo uma hora por noite. Por isso, foi necessária a administração de medicamentos para dormir e para controlar a ansiedade, que foi diminuindo com o tempo.

A ansiedade, que sempre esteve presente, deu um alerta com a crise. “Hoje, eu consigo enxergar a vida diferente. Eu continuo com a ansiedade, mas estou lidando com ela. Voltei a surfar por indicação médica, estou mais próximo do meu filho, tive que entender que as coisas não precisam ser todas para hoje”, descreve.  (Jornal O POVO - edição de 04/12/11. Domingo).


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Reação de Interrupção dos Antidepressivos


A interrupção dos antidepressivos pode trazer uma síndrome de abstinência há muito conhecida, mas pouco falada. A importância deste tema transcende a psiquiatria, pois estas medicações são usadas também com outras finalidades médico como antálgico, (Que combate a dor; analgésico por exemplo).
A incidência das reações de suspensão da medicação não é bem conhecida e não há consenso para se definir os limites desta síndrome. Há mais chances de ela ocorrer após um tratamento prolongado. Há um estudo realizado com a paroxetina: nele foi mostrado que após 12 semanas de tratamento, 35% dos pacientes tiveram por duas semanas sintomas de abstinência leves a moderados.
A reação de interrupção costuma iniciar-se logo depois da suspensão da medicação. Seu início é abrupto, pode durar de dias a poucas semanas, cedendo espontaneamente após isso. Os principais sintomas são: náuseas, dores abdominais, diarréia, insônia, pesadelos, sonhos vívidos, sudorese, letargia, cefaléia, ansiedade, irritabilidade, certo grau de distimia. Este quadro desaparece dentro de 24h após a reintrodução do respectivo antidepressivo.
Os inibidores da recaptação da serotonina provocam um quadro distinto, com tonteiras, sensação de leveza na cabeça, parestesias, sensação de surdez, sensações de choque elétrico.
A grande dificuldade no caso dos antidepressivos tricíclicos é saber se as queixas após a interrupção da medicação foram devidas a interrupção ou um recrudescimento do transtorno de antes do tratamento. A diferenciação é feita da seguinte maneira: a abstinência é limitada, após um período ela cede, enquanto os transtorno de ansiedade e depressão permanecem. A depressão é de recrudescimento lento, e a abstinência se inicia em 24h após a suspensão da medicação. Por outro lado a resolução da abstinência ocorre no dia seguinte a reintrodução da medicação, enquanto a depressão novamente é lenta, levando dias a semanas para responder a reintrodução da medicação.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

As faces do transtorno bipolar


Há dias em que a euforia bate no céu. Em outros a depressão leva ao fundo do poço. A novidade sobre essa gangorra de emoções é que os cientistas confirmam a suspeita de que uma molécula presente no cérebro e no sangue pode apontar a predisposição para a doença (sim, é doença!) com boa margem de segurança. É como levar uma vida dupla. Uma hora a euforia toma conta e leva o organismo ao seu limite de excitação, até mesmo sexual. É energia que não acaba mais, a ponto de o sono tornar-se quase desnecessário. Perde-se a capacidade de julgamento e a autocrítica e há quem se torne irritadiço.

Para descrever esse estado de ânimo os médicos utilizam o termo mania. Ela é um dos extremos de uma doença caracterizada por uma profunda instabilidade de humor, o qual oscila entre esse estado eufórico intenso e o seu oposto, a depressão. Para os portadores do transtorno bipolar, doença que há poucos anos era conhecida como psicose maníaco-depressiva, encontrar o equilíbrio entre as duas pontas das emoções radicais é como tentar andar sobre um terreno movediço. É o pessoal do oito ou oitenta. Diferente de quem tem um humor saudável, os que sofrem desse transtorno não costumam ser previsíveis ou flexíveis e também não respondem com proporcionalidade aos estímulos. Acredita-se que 1% da população mundial conviva com o tipo 1 da doença, considerado o mais grave.

Pode até parecer pouco, mas na verdade o transtorno bipolar é um tormento para muito mais gente. Estima-se que cerca de 5% dos brasileiros tenham instabilidades de humor em algum grau. Feitos os cálculos, os brasileiros alterados somam aproximadamente 9 milhões. Muitos deles nem sabem do próprio distúrbio. Outros, ainda pior, são tratados da maneira errada. Nesses casos o diagnóstico costuma ser esquizofrenia ou simplesmente depressão.

Sabe-se que essa é uma doença em grande parte determinada pelo histórico familiar. Uma criança que tem um dos pais com transtorno bipolar apresenta uma probabilidade de 15% a 20% de manifestar o mesmo problema. Um estudo, realizado com gêmeos idênticos, mostrou ainda que, se um deles tem a doença, o risco de o outro também vir a ser uma vítima é de 80%. A mais recente descoberta sobre a origem do mal vem de um grupo de pesquisa do Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Os cientistas andavam em busca de uma pista sobre a relação entre o transtorno bipolar e a molécula BDNF (sigla em inglês para fator neurotrófico derivado do cérebro), cuja atuação na memória já era bem conhecida. As evidências dessa ligação ficaram muito claras em seu estudo.

O trabalho mostrou que os bipolares têm menos BDNF no sangue do que as pessoas normais. Quanto menores os teores no sangue, maior a gravidade da doença. Como os níveis dessa molécula são ditados pela genética, a esperança é de que ela possa vir a ser um marcador da doença. O teste ainda é experimental, mas deverá se tornar rotina médica nos próximos anos.

Como todo distúrbio da mente humana, a bipolaridade também é determinada pela maneira como lidamos com as adversidades. Muitas vezes pode-se herdar o gene que leva a uma predisposição, mas, sem um evento estressante, o transtorno não se desenvolve. Em caso de estresse emocional ou abuso de drogas, os riscos ficam de quatro a cinco vezes maiores. O problema geralmente dá as caras no final da adolescência e no início da vida adulta, mas as crianças também são o alvo. Na infância, aliás, não raro ele ser confundido com distúrbio do déficit de atenção e hiperatividade. Crianças diagnosticadas assim, mas que não respondem ao tratamento pode ter na realidade o transtorno bipolar. Descobrir a doença cedo e controlá-la o quanto antes ajuda seu portador a levar uma vida normal.

As oscilações do humor podem ser trágicas. Uma depressão prolongada, daquelas que chegam a durar meses ou mesmo anos, muitas vezes são o estopim de uma tentativa de suicídio. No outro extremo, o da mania, algumas semanas de crise são suficientes para pôr toda uma vida a perder. Relações são desfeitas e o dinheiro economizado por décadas, torrado em poucos dias. Não precisa ser assim. O.k., não há cura para o transtorno bipolar, mas, como outras doenças crônicas, trata-se de um mal controlável.

Em casos de bipolaridade, os remédios conhecidos como estabilizadores do humor são fundamentais para o tratamento do tipo 1 e para alguns pacientes do tipo 2, como os médicos chamam uma forma mais moderada do transtorno. Qualquer que seja o tipo, porém, o maior problema costuma ser a resistência do paciente a tomar os medicamentos. Um dos motivos está nos efeitos colaterais. O lítio, por exemplo, que ainda é uma das drogas mais usadas, pode provocar ganho de peso, tremores, aumento do apetite e retenção de líquido um sufoco que, parece, as mulheres têm ainda mais dificuldade para enfrentar. Porém, os benefícios são muito maiores do que os efeitos colaterais. Mas é bom que fique claro: nenhum remédio, sozinho, opera milagres. Ele pode restaurar o equilíbrio químico dentro do cérebro, mas e as emoções?

Hoje, até os cartesianos mais ferrenhos já deixaram de considerar a mente e o corpo como estruturas absolutamente separadas. No caso do transtorno bipolar, diga-se, estão intimamente ligadas. E é aí que entra a psicoterapia, como peça fundamental do tratamento dos bipolares. Não se trata de uma doença mental apenas, mas um mal sistêmico que afeta o indivíduo como um todo. Esse paciente requer uma equipe multidisciplinar. Descobriu-se que os pacientes bipolares têm no cérebro uma quantidade menor de enzimas antioxidantes em comparação com o resto da população. Essas substâncias são essenciais para a manutenção da saúde ao evitar mutações genéticas que podem dar início ao câncer, por exemplo. Os bipolares têm maior incidência de morte por tumores, doenças cardiovasculares e diabetes. A busca é por métodos que permitam aos pacientes ficar livres não só das alterações do ânimo, mas de outros danos.

Doença do corpo e da mente, a bipolaridade também pode se enquadrar em outra categoria, a de doença social. Afinal de contas, muitas vezes não é o transtorno em si o que mais preocupa os pacientes, mas a reação das outras pessoas. Em outras palavras, é preconceito mesmo. E contra isso muitas vezes o melhor antídoto é fazer parte de um grupo. O convívio social faz parte da terapia porque o doente discute situações comuns a todos os portadores e um ajuda o outro.

Ora, se a vida é dupla e a doença é tripla, a conta só fecha porque as soluções são múltiplas. O sobe-e-desce das emoções. As fases eufóricas são chamadas de mania. As mais brandas, de hipomania. Podem durar de alguns dias até longos meses, assim como as fases da depressão.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Os benefícios do exercício físico na saúde mental

O estresse, a ansiedade tem assolado mais e mais as pessoas. Vivemos num mundo competitivo, quase sempre somos compelidos a fazer exageros e adoecemos por pressão psicológica e estresse elevado no trabalho. 
Nos últimos tempos temos observado um crescimento notório do número de pessoas que tem recorrido à prática de exercício e de atividade física como forma de procurar o bem estar físico e psicológico para suas fadigas do dia-a-dia.
Podemos observar quase diariamente, pessoas de várias idades, de ambos os sexos, a correr, caminhar, andar de bicicleta ou patins, entregando-se à prática do exercício e da atividade física. 
Quando questionamos as pessoas sobre as razões pelas quais se entregam à prática de exercício e atividade física a resposta é quase unânime. Respondem, que o fazem porque se sentem bem, porque as faz sentir melhor ou porque as ajuda a combater o estress do dia-a-dia. 
De um modo geral, a prática regular de exercício e de atividade física, além de vários benefícios para a saúde, ajuda a libertar a tensão e melhora o bem estar psicológico.

Veja como o exercício físico está relacionado á saúde mental:

1)Redução da ansiedade;
2)Redução da depressão;
3)Aumenta a sensação de bem-estar;
4)Beneficia (ansiedade e depressão) semelhantemente aos outros tratamentos;
5)Reduz a agressividade e a ansiedade;
6)Aumenta a longevidade;
7)Melhora o sono e aumenta a energia;
8)Diminui o risco de morte prematura;
9)Atividade física está associada com positiva autoestima;
10)Atividade física está associada com sono repousante;
11)Atividade física está associada com habilidade para responder ao estresse.

Pratique saúde. Saia da poltrona e exercite-se!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Uma boa alimentação é fundamental para a saúde mental e para o bem-estar.




Seu prato dita o seu estado de espírito. Embora a ciência desconheça as causas da depressão, já se sabe que a dieta é fundamental para a saúde mental e para o bem-estar. A explicação é simples. A estabilidade do humor é determinada pela produção, liberação e captação de neurotransmissores. "Essa produção depende de substratos da dieta", diz o psiquiatra Alexandre de Azevedo, do Hospital das Clínicas de SP.

Um dos nutrientes essenciais é o triptofano, aminoácido fundamental para a produção de serotonina, neurotransmissor ligado ao humor. Vitaminas, minerais e gorduras boas (ômega 3) ajudam sua ação. E todas essas substâncias vêm da comida.

A ação dos alimentos no cérebro é tanta que não há muita diferença entre remédio e comida, para o neurocientista Gary L. Wenk, autor de "Your Brain On Food" (como sua mente é influenciada pela comida). "Já usamos comida como medicamento ao beber café ou comer chocolate", disse ele.

Há os alimentos com ação rápida no humor (café, açúcar e álcool), os que levam dias ou semanas (aminoácidos e minerais) e os de ação lenta (como os antioxidantes), explica Wenk, que é pesquisador da Universidade Estadual Ohio (EUA).

ÚLTIMAS DESCORBERTAS
Um estudo publicado na semana passada no "Journal of Psychopharmacology" avaliou o efeito do ômega 3 em pacientes que se recuperavam de depressão. O trabalho, feito pela Universidade Leiden, na Holanda, acompanhou 71 pessoas, que receberam suplementação de ômega 3 ou placebo por quatro semanas. Os que tomaram ômega 3 relataram melhoras no processo de tomada de decisão e do estado de tensão.

"O ômega 3 mantém a função de estruturas cerebrais", diz Sandra Lopes de Souza, pesquisadora em neuropsiquiatria da Universidade Federal de Pernambuco.

Outro nutriente popular em pesquisas é o ácido fólico (vitamina B9). "Anormalidades no metabolismo dessa substância estão ligadas a depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia", afirma a neurocientista brasileira Patrícia de Souza Brocardo, pesquisadora da Universidade de Victoria, no Canadá.

Um cardápio rico em alimentos com ácido fólico, ômega 3 e demais nutrientes melhora o humor e eleva a disposição, diz Roseli Rossi, especialista em nutrição clínica funcional. "Em um mês o paciente já melhora muito."

Claro, comer coisas boas, só, não adianta. É preciso excluir as ruins e fazer o intestino funcionar bem, para absorver vitaminas e minerais.

"A falha na absorção pode prejudicar o processo", explica Sandra Souza. Gorduras e carboidratos em excesso causam "efeito rebote". "As gorduras saturadas dificultam a digestão e 'roubam' energia", diz a nutricionista Daniela Jobst.

Já carboidratos refinados (açúcar, macarrão, pão branco) dão um pico de energia seguido por queda brusca. "É melhor comer carboidratos integrais, que fornecem energia por mais tempo", diz a nutricionista Paula Gandin, da Sociedade Brasileira de Nutrição Funcional.

PRAZER
Apesar das listas de alimentos do humor e dos cardápios da alegria, os nutrientes não devem ser vistos isoladamente, segundo a nutricionista Cynthia Antonaccio.
Para ela, o prazer ao comer também ajuda a elevar o astral. "Não comemos só o nutriente. O alimento não tem só o lado funcional, tem o lado social e psicológico." Segundo a nutricionista, não adianta comer iogurte se o cardápio não incluir algo prazeroso para você. "Comer é fonte de prazer e sociabilização. Se perco isso, ou porque não tenho tempo ou porque estou de dieta, perco algo vital."

SUPERALIMENTOS CONTRA O BAIXO-ASTRAL

* Peixes de águas frias, como salmão e sardinha, têm ômega 3, que ajuda a manter a função do sistema nervoso central. O ideal são três porções por semana

* Queijo tem triptofano, que ajuda a formar serotonina, principal neurotransmissor ligado ao humor. A porção ideal é uma fatia de queijo (quanto mais branco, menor o teor de gordura) ou um copo de leite

* O chocolate preto com altos níveis de cacau é o que mais tem triptofano e teobromina, substância que estimula a liberação de endorfina, relacionada à sensação de prazer. Uma porção de 15 a 30 g (uma barra pequena) é suficiente

* Além de triptofano, o ovo tem colina, nutriente que faz parte das vitaminas do complexo B, importantes para o bom funcionamento do sistema nervoso

* Verduras escuras como brócolis e couve são boas fontes de ácido fólico. Também está no feijão-branco, na laranja e na soja

* O abacate, apesar de ser rejeitado em dietas em função do alto valor calórico (96 kcal em 100 g), é fonte de gorduras boas e de magnésio, mineral que ajuda na produção de serotonina no cérebro. Use em cremes ou vitaminas

* A banana tem o pacote completo: boas quantidades de triptofano, minerais que ajudam na ação do nutriente e carboidratos, que fornecem energia rapidamente

* Castanha-do-pará, castanha-de-caju e outras oleaginosas são ricas em ômega 3 e minerais. A castanha-do-pará tem selênio, substância antioxidante. É calórica (643 kcal por 100 g). Duas por dia já são suficientes

*Iogurtes probióticos ajudam no funcionamento do intestino e, consequentemente, melhoram a absorção de vitaminas e minerais que têm ação no sistema nervoso central. Para ter efeito, o consumo precisa ser diário

* Aveia é boa fonte de carboidrato complexo (não é queimado rápido). Carboidratos mantêm o índice glicêmico, o que ajuda na produção de serotonina

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)



O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é caracterizado pela presença de obsessões ou compulsões que causam um mal-estar intenso, consomem muito tempo (mais de uma hora por dia, pelo menos) e interferem na vida cotidiana da pessoa, em diversos aspectos, como no trabalho, nas atividades sociais e no convívio familiar.


Sintomas

 As obsessões são ideias, imagens ou impulsos que “entram na mente” do indivíduo repetitivamente de forma involuntária, gerando ansiedade e mal-estar.
 Estes pensamentos são angustiantes e podem envolver diversos temas, como violência, presságios catastróficos, obscenidades, contaminação, necessidade de ordem e simetria. Estes pensamentos frequentemente são reconhecidos pelos pacientes como sendo próprios, embora sejam involuntários e, muitas vezes, repugnantes. Os pacientes geralmente tentam resistir a estes pensamentos, sem sucesso na maior parte das vezes.
Abaixo, alguns exemplos de obsessões:
 • Medo exagerado de contaminar-se com microrganismos ou doenças ao tocar objetos do dia-a-dia;
 • Pensamentos recorrentes de que pessoas próximas estejam correndo risco de vida;
 • Pensamentos “proibidos” envolvendo sexo ou religião;
 • Medo de perder o controle ou de agredir outras pessoas sem justificativa;
 • Dúvidas repetitivas sobre atividades corriqueiras, como desligar lâmpadas, trancar portas ou desligar o fogão.

As compulsões podem ser rituais repetitivos ou atos mentais (contar, rezar e outros) que habitualmente diminuem o mal-estar gerado pelos pensamentos obsessivos. Estes hábitos não são agradáveis, nem resultam na execução de tarefas úteis.
 Alguns exemplos de compulsões:
 • Lavar excessivamente as mãos para diminuir temor de contaminação;
 • Benzer-se repetidamente ou rezar contra “pensamentos proibidos”;
 • Verificar repetidamente se a porta está trancada, se as luzes estão apagadas ou se o fogão está desligado;
 • Ter que realizar certos atos, para evitar o acontecimento de desgraças. 

Frequência há algumas décadas, o TOC era considerado um transtorno raro. Com o avanço das pesquisas na área, houve um aumento na frequência de seu diagnóstico e, atualmente, acredita-se que ocorra em 1 a 3% da população. 

Causas pesquisas sugerem que a doença está relacionada a problemas de comunicação entre a parte frontal do cérebro e estruturas mais profundas. Estas estruturas utilizam o mensageiro químico serotonina. Considera-se que no TOC este mensageiro encontra-se em níveis diminuídos.

Idade de início  o TOC pode iniciar-se em qualquer momento desde a idade pré-escolar até a idade adulta. No entanto, estudos recentes mostram que 80% dos adultos com TOC identificam o início dos sintomas antes dos 18 anos.
 Os pacientes com TOC podem ser muito reservados em relação aos seus sintomas, podem guardá-los em segredo, ou ter dificuldades em reconhecê-los como tal. Por isto, demoram em média 7,5 anos antes de procurar ajuda psiquiátrica. Mesmo quando isto acontece frequentemente não se identifica o TOC, seja pela presença de outros sintomas ou de morbidades que se desenvolvem ao longo da evolução da doença. Em média, os pacientes com TOC visitam 3 a 4 médicos e passam anos buscando tratamento antes de receber um diagnóstico correto e o tratamento adequado. 

Evolução a intensidade dos sintomas do TOC tende a variar com o tempo. Algumas pessoas podem apresentar períodos com sintomas bem evidentes e outros períodos sem sintomas. Alguns apresentam sintomas constantemente, porém em graus variáveis. Outros apresentam um nível estável de sintomas por toda a vida.

Tratamento o primeiro passo no tratamento do TOC é conscientizar o paciente e sua família sobre a doença e seu tratamento. Durante os últimos anos desenvolveram-se dois tratamentos eficazes para o TOC: a terapia cognitivo-comportamental e o tratamento com medicamentos. Qualquer tratamento consta de duas fases: a primeira, de tratamento agudo, destina-se a abreviar o episódio atual de TOC, e a segunda, de manutenção, com objetivo de evitar recaídas. A maioria dos especialistas recomenda consultas de seguimento frequentes nos primeiros meses do tratamento e a manutenção do tratamento por um prazo variável antes de tentar suspender a medicação.



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Quando alguém que amamos tem um distúrbio mental


 Parecia ser uma manhã como outra qualquer para a família Silva . Os quatro membros da família estavam prontos para as atividades do dia. Gaida lembrava o filho, Marcos, de 14 anos, que ele estava atrasado para pegar o ônibus escolar. O que aconteceu em seguida foi completamente inesperado. Em meia hora, Marcos pichou uma parede do quarto, quase incendiou a garagem e tentou se enforcar no sótão.
Desesperados, Gaida e seu marido Francisco seguiram a ambulância que levava Marcos, tentando entender o que acabara de acontecer. Infelizmente, porém, era só o começo. Seguiram-se muitos surtos psicóticos, mergulhando Marcos no mundo obscuro da doença mental. Foram cinco anos de angústia com várias tentativas de suicídio, duas prisões, internação em sete clínicas psiquiátricas e inúmeras consulta com especialistas em saúde mental. Amigos e parentes muitas vezes ficavam perdidos, sem saber o que dizer ou fazer.
Segundo estimativas, 1 em cada 4 pessoas no mundo serão afligidas por uma doença mental em algum momento de sua vida. Considerando essa surpreendente estatística, é provável que você tenha pai ou mãe, filho, irmão ou amigo que sofra de algum distúrbio mental.  O que fazer se alguém que você ama apresenta esse quadro?
• Reconheça os sintomas.
 Um distúrbio mental talvez não seja diagnosticado imediatamente. Amigos e familiares podem achar que os sintomas são provocados por mudanças hormonais, doenças físicas, fraqueza de personalidade ou circunstâncias difíceis. A mãe de Marcos vinha percebendo há algum tempo que algo estava errado com Marcos, mas ela e o marido acharam que sua instabilidade emocional era uma fase da adolescência e que logo passaria. No entanto, mudanças significativas no sono, na alimentação ou no comportamento podem indicar algo mais sério. Procurar um especialista pode ser de ajuda para conseguir um tratamento eficaz e melhorar a qualidade de vida de quem passa por isso.
• Informe-se.
 Pessoas com distúrbios mentais geralmente têm pouca capacidade de entender sua própria condição. Por isso, a informação que você conseguir de fontes atuais e confiáveis poderá ajudá-lo a compreender o que a pessoa está passando. Poderá também ajudá-lo a saber conversar com outros abertamente e com conhecimento de causa. Gaida, por exemplo, deu aos avós de Marcos alguns impressos médicos sobre a doença para que ficassem mais informados e soubessem como cooperar em vista do problema.
• Procure um tratamento.
Apesar de alguns distúrbios mentais serem de natureza persistente, com tratamento adequado os portadores dessas doenças podem ter uma vida estável e produtiva. Infelizmente, muitos definham por anos sem conseguir ajuda. Assim como um problema sério de coração requer um especialista, doenças mentais necessitam da atenção de pessoas que saibam como tratar esses distúrbios. Psiquiatras, por exemplo, podem prescrever medicamentos que, quando usados corretamente, podem ajudar a controlar o humor, aliviam a ansiedade e corrigem padrões de raciocínio distorcidos.%
• Incentive o paciente a buscar ajuda.
Pessoas com distúrbios mentais nem sempre se dão conta de que precisam de ajuda. Você talvez possa sugerir que o paciente procure um especialista, leia alguns artigos sobre o problema ou converse com alguém que tenha conseguido lidar com um distúrbio similar. Pode acontecer de a pessoa não ser receptiva aos seus conselhos. Mas não deixe de fazer tudo ao seu alcance para ajudar alguém que está sob seus cuidados e corre o risco de prejudicar a si mesmo e a outros.
• Evite lançar a culpa em alguém.
 Os cientistas ainda não conseguiram chegar a uma conclusão quanto à interação complexa de fatores genéticos, ambientais e sociais que contribuem para o funcionamento anormal do cérebro. A combinação de fatores que pode provocar um distúrbio mental inclui lesão cerebral, abuso de substâncias, ambientes estressantes, desequilíbrios bioquímicos e predisposição genética. Não adianta acusar o paciente de coisas que você acha que ele fez e que possam ter levado à doença. É melhor canalizar suas energias para dar apoio e encorajamento.
• Tenha expectativas realistas.
 Exigir demais do doente pode ser desanimador. Por outro lado, enfatizar demais as limitações dele pode fazê-lo sentir-se derrotado. Por isso, procure ser realista nas suas expectativas. Logicamente, não se devem tolerar atitudes erradas. Assim como acontece com outras pessoas, os que têm um distúrbio mental também podem aprender com as consequências de seus atos. Caso haja comportamento violento, talvez seja necessário recorrer à lei ou impor certas restrições a fim de proteger a própria pessoa e outros.
• Mantenha-se achegado.
 A comunicação é vital, mesmo que às vezes lhe pareça que seus comentários são mal interpretados. As reações de alguém com distúrbio mental podem ser imprevisíveis e impróprias para aquela situação. Contudo, repreender a pessoa por suas palavras impensadas só vai acrescentar sentimento de culpa à depressão já existente. Quando tudo o que você diz parece não surtir efeito, fique quieto e escute. Respeite os sentimentos e pensamentos do doente, sem condená-lo. Esforce-se em manter a calma. Você e a pessoa amada se beneficiarão se você simplesmente mostrar que se importa com ela e o fizer de maneira constante. Foi assim no caso de Marcos. Alguns anos mais tarde, ele expressou seu apreço dizendo: “[Essas pessoas] me ajudaram apesar de eu não querer ajuda.”.
• Leve em conta as necessidades dos outros membros da família.
 Quando a família se vê obrigada a concentrar sua atenção em alguém que está doente, os outros membros podem acabar sendo negligenciados. Por algum tempo, a irmã de Marcos, Julia, sentiu-se “deixada de lado devido à doença dele”. Ela era modesta quanto às suas realizações, para não atrair a atenção a si mesma. Entretanto, parecia que seus pais exigiam cada vez mais dela, como que para compensar as deficiências do irmão. Alguns irmãos negligenciados dessa forma procuram chamar a atenção criando problemas. As famílias que enfrentam esse tipo de situação precisam de ajuda para lidar com isso. Por exemplo, quando a família Johnson ficou absorta nos problemas de Marcos, os amigos da congregação local das Testemunhas de Jeová ajudaram Julia dando-lhe atenção extra.
• Promova a boa saúde mental.
Um programa abrangente para cultivar o bem-estar mental, entre outras coisas, deve dar ênfase à alimentação, exercícios, sono e atividades sociais. Atividades simples com pequenos grupos de amigos são geralmente menos constrangedoras. Também é bom lembrar que o álcool pode agravar os sintomas e interferir na ação dos medicamentos. A família Silva procura seguir uma rotina de higiene mental que beneficia a todos, mas especialmente a seu filho.
• Cuide-se.
O estresse resultante de se cuidar de alguém que tem um distúrbio mental pode colocar em risco seu próprio bem-estar. Portanto, é essencial prestar atenção às suas necessidades físicas, emocionais e espirituais. A família Silva é Testemunha de Jeová. Gaida é da opinião que sua fé a ajudou bastante a lidar com os problemas familiares. “As reuniões cristãs aliviavam o nosso estresse”, ela diz, “um momento para se colocar de lado as preocupações imediatas e voltar a atenção para assuntos mais importantes e para a nossa derradeira esperança. Inúmeras vezes, eu orava desesperadamente por alívio e sempre acontecia alguma coisa para aliviar a dor. Com a ajuda de Jeová Deus, conseguia ter paz mental apesar de nossas circunstâncias”.
Marcos, agora um adulto jovem, tem um novo conceito sobre a vida. “Sinto que sou uma pessoa melhor devido ao que já passei”, ele diz. Sua irmã, Julia, sente que também foi beneficiada por essa situação. Ela diz: “Tornei-me menos crítica de outros. Você nunca sabe o que realmente está por trás dos problemas de alguém. Apenas Jeová Deus sabe.”
Se uma pessoa amada tem um distúrbio mental, lembre-se sempre de que um ouvido atento ajuda quando necessária e uma mente aberta podem ajudá-la a sobreviver — e até a ter uma boa qualidade de vida.
Quando tudo o que você diz parece não surtir efeito, fique quieto e escute
Sintomas de distúrbios mentais
Se alguém apresentar alguns dos seguintes sintomas, talvez precise consultar um médico ou um especialista em saúde mental:
Tristeza ou irritabilidade prolongada
Reclusão
Altos e baixos emocionais
Raiva excessiva
Comportamento violento
Abuso de substâncias
Temores, preocupações e ansiedades excessivos
Pavor de ganhar peso
Mudança significativa nos hábitos alimentares ou de sono
Pesadelos constantes
Confusão mental
Delírio ou alucinações
Fixação com a morte ou suicídio
Incapacidade de lidar com problemas e atividades diárias
Negação de problemas óbvios
Numerosas e inexplicadas doenças físicas

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Por que adoecemos?

Quando ficamos doentes pensamos em nos curarmos e nem sequer pensamos nos motivos que nos levaram a tal doença, mas é muito importante entender as motivações que nos fazem adoecer. Afinal, por que adoecemos? Essa com certeza não é uma resposta fácil de ser respondida, mas as pessoas adoecem porque têm necessidade de adoecer, ainda que inconsciente, por mais difícil que seja aceitar esse fato. Por que haveria a necessidade para adoecê-lo? Vamos analisar alguns fatores desencadeantes do adoecer: fuga, incapacidade de expressar as emoções, desejo de autopunição, necessidade de atenção (muito comum em crianças e idosos)e estresse.
 Fuga:
A doença pode ser uma válvula de escape dos conflitos emocionais. De alguma forma, ao adoecer somos obrigados a nos retirar da rotina para buscar a cura, é como se fosse uma maneira de nos cuidarmos, e que muitos deixam esse importante quesito para a manutenção da saúde em segundo plano. Por exemplo, o caso de um empresário que sofre um infarto quando se depara com a falência de sua empresa. Muitas vezes a doença pode ser mais destrutiva que a agressão original, mas que naquele momento não foi mais possível suportar. Se a pessoa se encontra num momento de fragilidade, ou seja, sem mecanismos de defesa, mais facilmente ela adoecerá. O mais indicado é não negar o sofrimento ou o conflito pelo qual se passa, mas nem sempre a própria pessoa consegue identificar o que sente. A dor tem que ser sentida e esgotada, pois só assim será superada.

 Incapacidade de expressar as emoções:
A incapacidade de expressar as emoções é um fator importante na origem das doenças orgânicas. Em nossa sociedade, apesar de que nos últimos anos, felizmente, está realidade tem mudado, não há espaço para manifestações de afeto, exteriorização das emoções ou do sofrimento psíquico. Em nossa cultura é muito mais aceitável, por exemplo, uma justificativa pela ausência da pessoa no trabalho, em função de alguma doença física do que por alguma dificuldade emocional. É mais aceitável um enfarte, onde todos ficam comovidos e preocupados; do que uma depressão, ou outro sofrimento psíquico, que geralmente é visto como frescura. Claro que isso acontece muito mais em função da falta de conhecimento, da ignorância, do que pelo fato em si. Essa postura intolerante diante do sofrimento psicológico fica evidente no comportamento de algumas pessoas que convivemos. A doença física parece ser mais merecedora de atenção e cuidados do que aquele que sofre sem apresentar alterações orgânicas. Isso faz com que muitas pessoas tenham vergonha de sua dor psíquica, não tendo muitas vezes, espaço nem coragem, para expressar seu sofrimento, escolhendo assim, ainda que inconscientemente, a expressão pelo físico.
Como no exemplo citado do empresário, diante das dificuldades e não suportando seu sofrimento e angústia, ao sofrer um infarto, ele sabe que todos lhe darão amparo e cuidados; mas se ele se colocasse a chorar e lamentar-se por sua dor, poderia receber desprezo e ser visto como alguém fraco.
É comprovado que as pessoas que suportam suas dores sozinhas adoecem com maior frequência e de maneira mais grave que aquelas que verbalizam suas dores. Algumas pessoas criam dentro de si verdadeiras prisões emocionais. A incapacidade de comunicar com palavras seus sentimentos faz com que o corpo expresse esses sentimentos, ou seja, o adoecer é a forma inconsciente de mostramos nosso sofrimento de uma maneira mais aceitável ou quando não conseguimos fazê-lo de outra maneira.

 Autopunição:
A autopunição surge para aliviar a ansiedade causada por um sentimento de culpa, derivado de um comportamento real ou imaginário, onde a pessoa se agride internamente. São pessoas que inconscientemente se sentem culpadas e merecedoras de castigo. Geralmente com a culpa, sempre vem à autopunição.
Quando há um conflito, mesmo que não tenhamos consciência de sua existência, será motivo de muito sofrimento, e se não for adequadamente resolvido, resultará em um estado de desequilíbrio do organismo a que chamamos doença. Como nem sempre conseguimos modificar a realidade, temos que nos adaptarmos a ela. Esse processo de adaptação não ocorre impunemente. Os meios que nossa psique lança mão para controlar o conflito são através dos mecanismos de defesa, que podemos entender como válvulas de escape de uma panela de pressão, que se não existirem, a panela explode. A explosão seria a doença, pois nem sempre os mecanismos de defesa conseguem ser eficazes.

 Necessidade de atenção:
A doença surge como uma forma de obter atenção, principalmente em crianças e idosos.
A opção pelo adoecer se faz pelo que chamamos de ganhos secundários. Para muitas pessoas a doença e o repouso na cama satisfazem suas necessidades de dependência, e até de descanso, como o ambiente hospitalar, que oferecem a oportunidade de satisfação parcial ao serem alimentados, cuidados e protegidos no mundo exterior. Ou as visitas constantes ao médico, tendo que as ouça e lhes dê um pouco de atenção, principalmente entre os idosos.
Se quando crianças ficávamos doentes e éramos atendidos, quando adultos podemos relacionar ficar doente com obter atenção, buscando preencher as carências e necessidades. Quando ficamos doentes não ficamos mais carentes de atenção, colo, carinho? Isso acontece porque um dos mecanismos de defesa muito comum durante a doença é a regressão, onde passamos a ter comportamentos próprios da infância. A regressão significa uma dificuldade em enfrentar ou controlar as situações de conflito. É como se, voltando a agir como criança, desistíssemos de lutar e nos entregamos aos cuidados dos outros.

 Estresse:
O estresse é um conjunto de reações que o organismo desenvolve quando submetido a uma situação que exige esforço para sua adaptação. É uma tensão emocional constante e quando essa tensão se torna intensa e prolongada, poderá haver falha nos mecanismos de defesa e surge a doença.
A expressão corporal constitui o primeiro e mais primitivo meio de comunicação e de defesa que o ser humano dispõe, principalmente nos momentos que as defesas estejam bloqueadas.
A vinculação entre estado psicológico e baixo das defesas do organismo baseia-se nas alterações orgânicas que as situações do estresse provocam: maior produção de cortisona (hormônio produzido pelas suprarrenais), que ocorre nessas situações, levaria à maior destruição das células de defesa do organismo. A relação entre o estado psicológico e as doenças não ocorre apenas nas situações de estresse, mas também de tristeza, ou toda sobrecarga de tensão emocional.
Diante do exposto acima, podemos perceber que as origens das doenças podem ser muitas, mas se analisarmos mais profundamente pode perceber que a necessidade de adoecer está sempre relacionada com a falta de amor a si mesmo, e a necessidade desesperada de reconhecimento e atenção do mundo exterior. E ainda mais, percebemos como é importante expressarmos nossas emoções!


domingo, 28 de agosto de 2011

DEPRESSÃO PÓS-PARTO


Atualidade: como tratar da depressão pós-parto
Estudos científicos do período do pós-parto foram negligenciados por décadas. O maior interesse surgiu do fato de que as mulheres têm uma chance duas vezes maior de terem depressão principalmente durante a vida reprodutiva e nos períodos de oscilações hormonais como o pré-menstrual, o pós-parto e a perimenopausa - período ao redor da menopausa, caracterizado pelas oscilações dos níveis hormonais e sintomas físicos/psíquicos como fogachos (ondas de calor), insônia, tristeza e irritabilidade, por exemplo.
Pesquisas epidemiológicas estimam que mais de 80% das mulheres vivenciam, durante os anos de vida reprodutiva, alguns sintomas depressivos associados aos períodos do pré e pós-parto. A própria Associação Psiquiátrica Norte-Americana (APA) reconhece que os transtornos de humor nestes períodos tenham características particulares. Embora a flutuação do humor possa ocorrer em até 80% das mulheres, apenas 10% a 20% efetivamente irão desenvolver algum transtorno do humor. Os quadros clínicos depressivos neste período são basicamente três com diferentes níveis de gravidade.
TRANSTORNO INCIDÊNCIA CURSO QUADRO CLÍNICO FATORES DE RISCO
BLUES (branda) 70-85% Dos primeiros dias até 10 a 14 dias após o parto Instabilidade do humor, choro fácil, irritabilidade e ansiedade Sintomas depressivos durante a gravidez, história de depressão e transtorno disfórico pré-menstrual - forma grave de TPM .
DEPRESSÃO PÓS-PARTO (DPP) 10% Do primeiro até o quarto mês do pós-parto, com a mesma duração de um episódio depressivo em outra fase da vida. Pode ou não coincidir ou se confundir com o hipotireoidismo pós-parto Humor deprimido, culpa, ansiedade, medo de causar sofrimento ao bebê e pensamentos obsessivos Depressão durante a gravidez, história de depressão (especialmente depressão pós-parto prévia), problemas conjugais, falta de suporte social e eventos estressantes durante a gravidez
PSICOSE PÓS-PARTO 0,1%-0,2% No primeiro pós-parto com duração variável de semanas a meses. Confusão, alucinações e mudanças rápidas de humor (da euforia para a depressão) São três fatores de risco:
Pessoas com histórico pessoal ou familiar de transtorno bipolar do humor
Episódio prévio de psicose (por exemplo em uma gestação anterior);
Ser primípara (primeiro filho)
O que pode causar esses quadros no pós-parto?
A gravidez e o parto exercem efeitos psicológicos, fisiológicos e endocrinológicos sobre o corpo e a mente da mulher. Muitos estudiosos tentam comprovar que as alterações hormonais do período sejam as responsáveis pelos quadros clínicos. Porém, a relevância dessas questões biológicas, para o ser humano, ainda merecem melhores estudos e elucidações.
Por exemplo, embora alguns autores tenham tentado estabelecer uma correlação entre os hormônios femininos (estrogênio e progesterona), além da prolactina, para os quadros de blues, até o presente momento tudo ainda é inconsistente. Outros autores tentaram estabelecer uma correlação entre o aumento dos níveis de cortisol plasmático (hormônio do estresse) e os quadros de depressão pós-parto ou blues, porém, tais resultados também são inconclusivos.
Alterações tireoidianas podem contribuir para o surgimento/agravamento dos transtornos de humor. Alguns autores sugerem uma disfunção da glândula tireoide, disfunção esta temporária, que pode estar associada aos quadros de DPP. Porém, outros estudos também não confirmam tais achados.
A diminuição abrupta dos hormônios gonadais (estrogênio e progesterona), em mulheres sensíveis às mesmas, pode causar quadros psíquicos no pós-parto. O mesmo se refere aos mensageiros químicos cerebrais. Por exemplo, aventa-se a hipótese de que mulheres com quedas maiores de beta-endorfinas (analgésicos naturais), no pós-parto, possam ser mais vulneráveis ao desenvolvimento de quadros depressivos. Porém, a hipótese da sensibilidade individual diferente a todas as alterações fisiológicas, hormonais ou de moduladores químicos, que ocorrem em todas as mulheres neste período, parece ser a mais aceita.
Portanto, embora uma conclusão definitiva ainda esteja longe de ser estabelecida, parece que os quadros puerperais são decorrentes de uma resposta individual anormal às variações hormonais e não das mudanças hormonais propriamente ditas.
Fatores de risco
Diversos fatores de risco têm sido associados ao surgimento desses quadros, no pós-parto e podem ser incluídos nas seguintes categorias:
Fatores estressantes socioeconômicos
História psiquiátrica
História psiquiátrica familiar
Traços de personalidade (ansiosos obsessivo-compulsivos, ansiosos, etc..)
Fatores estressantes socioeconômicos incluem:
- Falta de suporte social
- Eventos de vida negativos
- Instabilidade empregatícia
- Inexperiência com crianças
- Gravidez não planejada
- Pessimismo pré-natal (por exemplo, mães com abortamentos espontâneos prévios)
- Relações conjugais precárias ou falta de companheiro estável
- Relações precárias entre a paciente e a mãe
- Multiparidade (mais de um filho)
Muito cuidado se deve ter com a interrupção de tratamentos psiquiátricos durante a gestação.
Novas classificações sendo avaliadas para transtornos mentais do pós-parto
O nascimento é um fenômeno complexo em termos de psicologia.
Fatores biológicos, psicológicos e sociais interagem entre si.
Mães com partos recentes são vulneráveis a um amplo espectro de transtornos psiquiátricos.
A classificação atual ainda utilizada, parece defasada e com os dias contados, segundo novos estudos científicos. Ou seja, o "blues", a depressão pós-parto e a psicose puerperal devem dar lugar a uma nova e revolucionária classificação, de quatro partes provavelmente, que estará presente no futuro CID-11 (Classificação Internacional de Doenças) e DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico em Saúde Mental), a serem implementados entre 2009-2010 no mundo. O modelo atual, embora importante, é insuficiente para explicar a grande variedade, heterogeneidade e complexidade de todos os quadros clínicos do pós-parto que observamos nas mulheres atendidas no Pró-Mulher (IPq-HC-FMUSP) e em outros centros mundiais voltados à saúde mental da mulher.
Proposta atual de reclassificação dos quadros psiquiátricos do período pós-parto
1) Psicoses, incluindo a orgânica, a psicogênica - de origem psicológica (relacionada a um estresse severo, como o ciúmes doentio do marido com o nascimento do bebê) e a bipolar, esta última a mais frequente);
2) Transtornos do relacionamento mãe-bebê, que são frequentes em 10%-25% das mulheres, e que podem levar à rejeição da criança, aos maus tratos e até infanticídios descritos. Aqui o foco afetivo é diferente daquele relacionado à depressão propriamente dita. Isso ainda é ignorado ou subestimado na medicina.
3) Depressão: Este conceito é importante por questões legais, porém, do ponto de vista médico está mais enfraquecido, já que a associação entre depressão e puerpério é fraca. Não há uma diferença significativa de depressão entre o período do pós-parto e outros períodos de vida da mulher. As mulheres, com depressão pós-parto, formam um grupo heterogêneo. Algumas têm, na realidade, ansiedade, transtorno obsessivo e transtorno do estresse pós-traumático. Muitas já tiveram outros episódios de depressão, em momentos anteriores de suas vidas.
4) Sintomas resultantes de:
a) Fatores estressores durante o parto (transtorno do estresse pós-traumático)
b) Transtornos de ansiedade específicos, mais frequentes que a depressão, porém pouco enfatizados e valorizados ainda. Por exemplo, 10% das mulheres têm início de transtorno do pânico em tal período.
c) Obsessões de machucar a criança ou outras preocupações mórbidas.
Portanto, por conta da diversidade da doença mental no pós-parto, dos riscos ao recém-nascido e à própria mãe, intervenções mais eficazes, incluindo as profiláticas, são necessárias, com classificações e diagnósticos psiquiátricos mais adequados. Os dias dos atuais manuais diagnósticos e classificatórios em saúde mental realmente parecem contados. A futura versão dos atuais  CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) e DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico em Saúde Mental, da Associação Psiquiátrica Americana) devem sofrer uma revolução, no que tange aos transtornos psíquicos do pós-parto, com mudanças significativas.
A relação entre mãe-filho deve ser preservada, até mesmo durante uma internação eventual, com assistência de uma equipe multidisciplinar. A prevenção parece ser a grande chave do tema, embora ainda seja um tema em discussão ampla.
Tratamentos
O tratamento deve ser individualizado de acordo com a gravidade clínica.
A primeira opção é a prevenção. Isso é suficiente para a maior parte dos quadros psiquiátricos do pós-parto. Estudos recentes identificaram a existência de medidas pré e pós-parto eficazes na redução do número de mulheres "de maior risco". Após a identificação de tais subgrupos de mulheres, deve-se oferecer educação, psicoterapia de apoio e até medicação quando bem indicada e orientada. Qualquer tratamento deve envolver equipe multidisciplinar, com o obstetra, o psiquiatra e o psicólogo. O enfoque é sempre o biopsicossocial, como em todos os transtornos mentais. Pais e familiares devem também ser orientados. Nunca devemos nos esquecer dos aspectos da vida do casal e das próprias expectativas de mudanças da vida social que podem intimidar ou assustar algumas futuras mamães. A reposição hormonal com estrogênio em altas dosagens ainda requer melhor comprovação científica.
Portanto, o tratamento psiquiátrico das mulheres neste período é complexo. Quando a medicação for extremamente necessária, devem ser tomados alguns cuidados fundamentais:
1º) Todas as medicações administradas às mães durante a lactação, podem ser excretadas no leite materno. A quantidade observada no leite materno, entretanto, é geralmente pequena e considerada de risco mínimo para o bebê.
2º) A exposição ao agente psicotrópico (medicação) também pode ser minimizada se a mãe ingerir o medicamento logo após completada a amamentação. Os psicofármacos (antidepressivos) tendem a se concentrar no leite materno obtido entre 7 e 10 horas após a sua ingestão. O leite obtido neste período deve ser descartado.
3º) Entre os medicamentos considerados mais seguros estão tanto os antidepressivos tricíclicos (mais antigos como anafranil, pamelor), quanto os inibidores seletivos da recaptura de serotonina (Prozac, Zoloft, Cipramil, etc).
4º) "Calmantes", como Lorax, Valium, Lexotan não são indicados. Podem ocorrer sintomas de abstinência no bebê (agitação, insônia, tremores e até convulsões).
5º) A relação risco-benefício sempre deve ser respeitada na escolha dos medicamentos. O uso de medicamentos deve ser reservado para as situações onde a exposição da mãe e do bebê à doença oferecem maiores riscos que a exposição à medicação. A prescrição deve ser feita por especialistas.
Outro tratamento para depressão moderada ou grave do pós-parto a ser testado em breve na USP, pelo Dr. Marcolin (em parceria com o Pró-Mulher), será o de estimulação magnética transcraniana (EMT). Tal técnica, se eficaz, será muito benéfica, pois não tem efeitos colaterais. A estimulação magnética transcraniana (EMT) é uma técnica de estimulação cerebral não-invasiva, foi reintroduzida e desenvolvida para o diagnóstico de transtornos neurológicos, pois induz respostas motoras pela estimulação magnética do córtex motor diretamente.