O número de acidentes de
trabalho no Brasil apresentou uma redução de 7,2% entre 2008 e 2010, caindo de
755.980 ocorrências para 701.496, segundo o último Anuário Estatístico de
Acidentes de Trabalho. No entanto, os transtornos mentais e comportamentais, que
ocupam o terceiro lugar em quantidade de concessões de auxílio-doença
acidentários, não acompanharam essa tendência.
De 2008 para 2009, o número de
afastamentos do trabalho em decorrência de transtornos mentais e
comportamentais subiu de 12.818 para 13.478. Em 2010, esse número teve uma
queda, passando para 12. 150. No entanto, a concessão de auxílios doença em
função de transtornos mentais e comportamentais voltou a subir em 2011,
passando para 12.337 casos.
Dentro dos transtornos mentais
e comportamentais, as doenças que mais afastaram os trabalhadores em 2011 foram
Episódios Depressivos, Outros Transtornos Ansiosos e Reações ao Estresse Grave
e Transtornos de adaptação.
Causas – De acordo com o
diretor do Departamento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional (DPSSO),
Cid Pimentel, toda profissão apresenta um determinado grau de estresse. “Até os
profissionais do sexo sofrem com o estresse, afinal, essas pessoas trabalham
com o prazer, mas não necessariamente o prazer delas próprias”, comenta.
Cid Pimentel, que também é
psiquiatra e pesquisador em Saúde Pública, conta que viu de perto a construção
da laborterapia, hoje chamada de terapia ocupacional. “Eu presenciei o esforço
feito para transformar o trabalho em atividade terapêutica”, relembra o diretor
do DPSSO. “No entanto, o trabalho em escala, em condições insalubres e a
recompensa insatisfatória são fatores que podem deflagrar a doença”,
acrescenta.
A rotina vivida pelos
trabalhadores brasileiros é, segundo Pimentel, outro agravante. “A pessoa
acorda, vai trabalhar, volta para casa, assiste televisão e vai dormir, muitas
vezes com a ajuda de medicamentos. Isso é altamente estressante”, afirma.
Por outro lado, o diretor do
DPSSO afirma que atualmente o estresse e a depressão estão muito banalizados.
Segundo ele, as pessoas não sabem mais conversar, não buscam alternativas como
uma viagem ou um hobby. “Durante meu trabalho no ambulatório de Saúde Mental,
no hospital, uma grande parte das pessoas que alegavam estar muito estressadas,
na verdade, estavam em busca de um atestado”, observa Pimentel.
(Bloger da Previdência Social)
(Bloger da Previdência Social)