segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Uma boa alimentação é fundamental para a saúde mental e para o bem-estar.




Seu prato dita o seu estado de espírito. Embora a ciência desconheça as causas da depressão, já se sabe que a dieta é fundamental para a saúde mental e para o bem-estar. A explicação é simples. A estabilidade do humor é determinada pela produção, liberação e captação de neurotransmissores. "Essa produção depende de substratos da dieta", diz o psiquiatra Alexandre de Azevedo, do Hospital das Clínicas de SP.

Um dos nutrientes essenciais é o triptofano, aminoácido fundamental para a produção de serotonina, neurotransmissor ligado ao humor. Vitaminas, minerais e gorduras boas (ômega 3) ajudam sua ação. E todas essas substâncias vêm da comida.

A ação dos alimentos no cérebro é tanta que não há muita diferença entre remédio e comida, para o neurocientista Gary L. Wenk, autor de "Your Brain On Food" (como sua mente é influenciada pela comida). "Já usamos comida como medicamento ao beber café ou comer chocolate", disse ele.

Há os alimentos com ação rápida no humor (café, açúcar e álcool), os que levam dias ou semanas (aminoácidos e minerais) e os de ação lenta (como os antioxidantes), explica Wenk, que é pesquisador da Universidade Estadual Ohio (EUA).

ÚLTIMAS DESCORBERTAS
Um estudo publicado na semana passada no "Journal of Psychopharmacology" avaliou o efeito do ômega 3 em pacientes que se recuperavam de depressão. O trabalho, feito pela Universidade Leiden, na Holanda, acompanhou 71 pessoas, que receberam suplementação de ômega 3 ou placebo por quatro semanas. Os que tomaram ômega 3 relataram melhoras no processo de tomada de decisão e do estado de tensão.

"O ômega 3 mantém a função de estruturas cerebrais", diz Sandra Lopes de Souza, pesquisadora em neuropsiquiatria da Universidade Federal de Pernambuco.

Outro nutriente popular em pesquisas é o ácido fólico (vitamina B9). "Anormalidades no metabolismo dessa substância estão ligadas a depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia", afirma a neurocientista brasileira Patrícia de Souza Brocardo, pesquisadora da Universidade de Victoria, no Canadá.

Um cardápio rico em alimentos com ácido fólico, ômega 3 e demais nutrientes melhora o humor e eleva a disposição, diz Roseli Rossi, especialista em nutrição clínica funcional. "Em um mês o paciente já melhora muito."

Claro, comer coisas boas, só, não adianta. É preciso excluir as ruins e fazer o intestino funcionar bem, para absorver vitaminas e minerais.

"A falha na absorção pode prejudicar o processo", explica Sandra Souza. Gorduras e carboidratos em excesso causam "efeito rebote". "As gorduras saturadas dificultam a digestão e 'roubam' energia", diz a nutricionista Daniela Jobst.

Já carboidratos refinados (açúcar, macarrão, pão branco) dão um pico de energia seguido por queda brusca. "É melhor comer carboidratos integrais, que fornecem energia por mais tempo", diz a nutricionista Paula Gandin, da Sociedade Brasileira de Nutrição Funcional.

PRAZER
Apesar das listas de alimentos do humor e dos cardápios da alegria, os nutrientes não devem ser vistos isoladamente, segundo a nutricionista Cynthia Antonaccio.
Para ela, o prazer ao comer também ajuda a elevar o astral. "Não comemos só o nutriente. O alimento não tem só o lado funcional, tem o lado social e psicológico." Segundo a nutricionista, não adianta comer iogurte se o cardápio não incluir algo prazeroso para você. "Comer é fonte de prazer e sociabilização. Se perco isso, ou porque não tenho tempo ou porque estou de dieta, perco algo vital."

SUPERALIMENTOS CONTRA O BAIXO-ASTRAL

* Peixes de águas frias, como salmão e sardinha, têm ômega 3, que ajuda a manter a função do sistema nervoso central. O ideal são três porções por semana

* Queijo tem triptofano, que ajuda a formar serotonina, principal neurotransmissor ligado ao humor. A porção ideal é uma fatia de queijo (quanto mais branco, menor o teor de gordura) ou um copo de leite

* O chocolate preto com altos níveis de cacau é o que mais tem triptofano e teobromina, substância que estimula a liberação de endorfina, relacionada à sensação de prazer. Uma porção de 15 a 30 g (uma barra pequena) é suficiente

* Além de triptofano, o ovo tem colina, nutriente que faz parte das vitaminas do complexo B, importantes para o bom funcionamento do sistema nervoso

* Verduras escuras como brócolis e couve são boas fontes de ácido fólico. Também está no feijão-branco, na laranja e na soja

* O abacate, apesar de ser rejeitado em dietas em função do alto valor calórico (96 kcal em 100 g), é fonte de gorduras boas e de magnésio, mineral que ajuda na produção de serotonina no cérebro. Use em cremes ou vitaminas

* A banana tem o pacote completo: boas quantidades de triptofano, minerais que ajudam na ação do nutriente e carboidratos, que fornecem energia rapidamente

* Castanha-do-pará, castanha-de-caju e outras oleaginosas são ricas em ômega 3 e minerais. A castanha-do-pará tem selênio, substância antioxidante. É calórica (643 kcal por 100 g). Duas por dia já são suficientes

*Iogurtes probióticos ajudam no funcionamento do intestino e, consequentemente, melhoram a absorção de vitaminas e minerais que têm ação no sistema nervoso central. Para ter efeito, o consumo precisa ser diário

* Aveia é boa fonte de carboidrato complexo (não é queimado rápido). Carboidratos mantêm o índice glicêmico, o que ajuda na produção de serotonina

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)



O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é caracterizado pela presença de obsessões ou compulsões que causam um mal-estar intenso, consomem muito tempo (mais de uma hora por dia, pelo menos) e interferem na vida cotidiana da pessoa, em diversos aspectos, como no trabalho, nas atividades sociais e no convívio familiar.


Sintomas

 As obsessões são ideias, imagens ou impulsos que “entram na mente” do indivíduo repetitivamente de forma involuntária, gerando ansiedade e mal-estar.
 Estes pensamentos são angustiantes e podem envolver diversos temas, como violência, presságios catastróficos, obscenidades, contaminação, necessidade de ordem e simetria. Estes pensamentos frequentemente são reconhecidos pelos pacientes como sendo próprios, embora sejam involuntários e, muitas vezes, repugnantes. Os pacientes geralmente tentam resistir a estes pensamentos, sem sucesso na maior parte das vezes.
Abaixo, alguns exemplos de obsessões:
 • Medo exagerado de contaminar-se com microrganismos ou doenças ao tocar objetos do dia-a-dia;
 • Pensamentos recorrentes de que pessoas próximas estejam correndo risco de vida;
 • Pensamentos “proibidos” envolvendo sexo ou religião;
 • Medo de perder o controle ou de agredir outras pessoas sem justificativa;
 • Dúvidas repetitivas sobre atividades corriqueiras, como desligar lâmpadas, trancar portas ou desligar o fogão.

As compulsões podem ser rituais repetitivos ou atos mentais (contar, rezar e outros) que habitualmente diminuem o mal-estar gerado pelos pensamentos obsessivos. Estes hábitos não são agradáveis, nem resultam na execução de tarefas úteis.
 Alguns exemplos de compulsões:
 • Lavar excessivamente as mãos para diminuir temor de contaminação;
 • Benzer-se repetidamente ou rezar contra “pensamentos proibidos”;
 • Verificar repetidamente se a porta está trancada, se as luzes estão apagadas ou se o fogão está desligado;
 • Ter que realizar certos atos, para evitar o acontecimento de desgraças. 

Frequência há algumas décadas, o TOC era considerado um transtorno raro. Com o avanço das pesquisas na área, houve um aumento na frequência de seu diagnóstico e, atualmente, acredita-se que ocorra em 1 a 3% da população. 

Causas pesquisas sugerem que a doença está relacionada a problemas de comunicação entre a parte frontal do cérebro e estruturas mais profundas. Estas estruturas utilizam o mensageiro químico serotonina. Considera-se que no TOC este mensageiro encontra-se em níveis diminuídos.

Idade de início  o TOC pode iniciar-se em qualquer momento desde a idade pré-escolar até a idade adulta. No entanto, estudos recentes mostram que 80% dos adultos com TOC identificam o início dos sintomas antes dos 18 anos.
 Os pacientes com TOC podem ser muito reservados em relação aos seus sintomas, podem guardá-los em segredo, ou ter dificuldades em reconhecê-los como tal. Por isto, demoram em média 7,5 anos antes de procurar ajuda psiquiátrica. Mesmo quando isto acontece frequentemente não se identifica o TOC, seja pela presença de outros sintomas ou de morbidades que se desenvolvem ao longo da evolução da doença. Em média, os pacientes com TOC visitam 3 a 4 médicos e passam anos buscando tratamento antes de receber um diagnóstico correto e o tratamento adequado. 

Evolução a intensidade dos sintomas do TOC tende a variar com o tempo. Algumas pessoas podem apresentar períodos com sintomas bem evidentes e outros períodos sem sintomas. Alguns apresentam sintomas constantemente, porém em graus variáveis. Outros apresentam um nível estável de sintomas por toda a vida.

Tratamento o primeiro passo no tratamento do TOC é conscientizar o paciente e sua família sobre a doença e seu tratamento. Durante os últimos anos desenvolveram-se dois tratamentos eficazes para o TOC: a terapia cognitivo-comportamental e o tratamento com medicamentos. Qualquer tratamento consta de duas fases: a primeira, de tratamento agudo, destina-se a abreviar o episódio atual de TOC, e a segunda, de manutenção, com objetivo de evitar recaídas. A maioria dos especialistas recomenda consultas de seguimento frequentes nos primeiros meses do tratamento e a manutenção do tratamento por um prazo variável antes de tentar suspender a medicação.