sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Quando alguém que amamos tem um distúrbio mental


 Parecia ser uma manhã como outra qualquer para a família Silva . Os quatro membros da família estavam prontos para as atividades do dia. Gaida lembrava o filho, Marcos, de 14 anos, que ele estava atrasado para pegar o ônibus escolar. O que aconteceu em seguida foi completamente inesperado. Em meia hora, Marcos pichou uma parede do quarto, quase incendiou a garagem e tentou se enforcar no sótão.
Desesperados, Gaida e seu marido Francisco seguiram a ambulância que levava Marcos, tentando entender o que acabara de acontecer. Infelizmente, porém, era só o começo. Seguiram-se muitos surtos psicóticos, mergulhando Marcos no mundo obscuro da doença mental. Foram cinco anos de angústia com várias tentativas de suicídio, duas prisões, internação em sete clínicas psiquiátricas e inúmeras consulta com especialistas em saúde mental. Amigos e parentes muitas vezes ficavam perdidos, sem saber o que dizer ou fazer.
Segundo estimativas, 1 em cada 4 pessoas no mundo serão afligidas por uma doença mental em algum momento de sua vida. Considerando essa surpreendente estatística, é provável que você tenha pai ou mãe, filho, irmão ou amigo que sofra de algum distúrbio mental.  O que fazer se alguém que você ama apresenta esse quadro?
• Reconheça os sintomas.
 Um distúrbio mental talvez não seja diagnosticado imediatamente. Amigos e familiares podem achar que os sintomas são provocados por mudanças hormonais, doenças físicas, fraqueza de personalidade ou circunstâncias difíceis. A mãe de Marcos vinha percebendo há algum tempo que algo estava errado com Marcos, mas ela e o marido acharam que sua instabilidade emocional era uma fase da adolescência e que logo passaria. No entanto, mudanças significativas no sono, na alimentação ou no comportamento podem indicar algo mais sério. Procurar um especialista pode ser de ajuda para conseguir um tratamento eficaz e melhorar a qualidade de vida de quem passa por isso.
• Informe-se.
 Pessoas com distúrbios mentais geralmente têm pouca capacidade de entender sua própria condição. Por isso, a informação que você conseguir de fontes atuais e confiáveis poderá ajudá-lo a compreender o que a pessoa está passando. Poderá também ajudá-lo a saber conversar com outros abertamente e com conhecimento de causa. Gaida, por exemplo, deu aos avós de Marcos alguns impressos médicos sobre a doença para que ficassem mais informados e soubessem como cooperar em vista do problema.
• Procure um tratamento.
Apesar de alguns distúrbios mentais serem de natureza persistente, com tratamento adequado os portadores dessas doenças podem ter uma vida estável e produtiva. Infelizmente, muitos definham por anos sem conseguir ajuda. Assim como um problema sério de coração requer um especialista, doenças mentais necessitam da atenção de pessoas que saibam como tratar esses distúrbios. Psiquiatras, por exemplo, podem prescrever medicamentos que, quando usados corretamente, podem ajudar a controlar o humor, aliviam a ansiedade e corrigem padrões de raciocínio distorcidos.%
• Incentive o paciente a buscar ajuda.
Pessoas com distúrbios mentais nem sempre se dão conta de que precisam de ajuda. Você talvez possa sugerir que o paciente procure um especialista, leia alguns artigos sobre o problema ou converse com alguém que tenha conseguido lidar com um distúrbio similar. Pode acontecer de a pessoa não ser receptiva aos seus conselhos. Mas não deixe de fazer tudo ao seu alcance para ajudar alguém que está sob seus cuidados e corre o risco de prejudicar a si mesmo e a outros.
• Evite lançar a culpa em alguém.
 Os cientistas ainda não conseguiram chegar a uma conclusão quanto à interação complexa de fatores genéticos, ambientais e sociais que contribuem para o funcionamento anormal do cérebro. A combinação de fatores que pode provocar um distúrbio mental inclui lesão cerebral, abuso de substâncias, ambientes estressantes, desequilíbrios bioquímicos e predisposição genética. Não adianta acusar o paciente de coisas que você acha que ele fez e que possam ter levado à doença. É melhor canalizar suas energias para dar apoio e encorajamento.
• Tenha expectativas realistas.
 Exigir demais do doente pode ser desanimador. Por outro lado, enfatizar demais as limitações dele pode fazê-lo sentir-se derrotado. Por isso, procure ser realista nas suas expectativas. Logicamente, não se devem tolerar atitudes erradas. Assim como acontece com outras pessoas, os que têm um distúrbio mental também podem aprender com as consequências de seus atos. Caso haja comportamento violento, talvez seja necessário recorrer à lei ou impor certas restrições a fim de proteger a própria pessoa e outros.
• Mantenha-se achegado.
 A comunicação é vital, mesmo que às vezes lhe pareça que seus comentários são mal interpretados. As reações de alguém com distúrbio mental podem ser imprevisíveis e impróprias para aquela situação. Contudo, repreender a pessoa por suas palavras impensadas só vai acrescentar sentimento de culpa à depressão já existente. Quando tudo o que você diz parece não surtir efeito, fique quieto e escute. Respeite os sentimentos e pensamentos do doente, sem condená-lo. Esforce-se em manter a calma. Você e a pessoa amada se beneficiarão se você simplesmente mostrar que se importa com ela e o fizer de maneira constante. Foi assim no caso de Marcos. Alguns anos mais tarde, ele expressou seu apreço dizendo: “[Essas pessoas] me ajudaram apesar de eu não querer ajuda.”.
• Leve em conta as necessidades dos outros membros da família.
 Quando a família se vê obrigada a concentrar sua atenção em alguém que está doente, os outros membros podem acabar sendo negligenciados. Por algum tempo, a irmã de Marcos, Julia, sentiu-se “deixada de lado devido à doença dele”. Ela era modesta quanto às suas realizações, para não atrair a atenção a si mesma. Entretanto, parecia que seus pais exigiam cada vez mais dela, como que para compensar as deficiências do irmão. Alguns irmãos negligenciados dessa forma procuram chamar a atenção criando problemas. As famílias que enfrentam esse tipo de situação precisam de ajuda para lidar com isso. Por exemplo, quando a família Johnson ficou absorta nos problemas de Marcos, os amigos da congregação local das Testemunhas de Jeová ajudaram Julia dando-lhe atenção extra.
• Promova a boa saúde mental.
Um programa abrangente para cultivar o bem-estar mental, entre outras coisas, deve dar ênfase à alimentação, exercícios, sono e atividades sociais. Atividades simples com pequenos grupos de amigos são geralmente menos constrangedoras. Também é bom lembrar que o álcool pode agravar os sintomas e interferir na ação dos medicamentos. A família Silva procura seguir uma rotina de higiene mental que beneficia a todos, mas especialmente a seu filho.
• Cuide-se.
O estresse resultante de se cuidar de alguém que tem um distúrbio mental pode colocar em risco seu próprio bem-estar. Portanto, é essencial prestar atenção às suas necessidades físicas, emocionais e espirituais. A família Silva é Testemunha de Jeová. Gaida é da opinião que sua fé a ajudou bastante a lidar com os problemas familiares. “As reuniões cristãs aliviavam o nosso estresse”, ela diz, “um momento para se colocar de lado as preocupações imediatas e voltar a atenção para assuntos mais importantes e para a nossa derradeira esperança. Inúmeras vezes, eu orava desesperadamente por alívio e sempre acontecia alguma coisa para aliviar a dor. Com a ajuda de Jeová Deus, conseguia ter paz mental apesar de nossas circunstâncias”.
Marcos, agora um adulto jovem, tem um novo conceito sobre a vida. “Sinto que sou uma pessoa melhor devido ao que já passei”, ele diz. Sua irmã, Julia, sente que também foi beneficiada por essa situação. Ela diz: “Tornei-me menos crítica de outros. Você nunca sabe o que realmente está por trás dos problemas de alguém. Apenas Jeová Deus sabe.”
Se uma pessoa amada tem um distúrbio mental, lembre-se sempre de que um ouvido atento ajuda quando necessária e uma mente aberta podem ajudá-la a sobreviver — e até a ter uma boa qualidade de vida.
Quando tudo o que você diz parece não surtir efeito, fique quieto e escute
Sintomas de distúrbios mentais
Se alguém apresentar alguns dos seguintes sintomas, talvez precise consultar um médico ou um especialista em saúde mental:
Tristeza ou irritabilidade prolongada
Reclusão
Altos e baixos emocionais
Raiva excessiva
Comportamento violento
Abuso de substâncias
Temores, preocupações e ansiedades excessivos
Pavor de ganhar peso
Mudança significativa nos hábitos alimentares ou de sono
Pesadelos constantes
Confusão mental
Delírio ou alucinações
Fixação com a morte ou suicídio
Incapacidade de lidar com problemas e atividades diárias
Negação de problemas óbvios
Numerosas e inexplicadas doenças físicas

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Por que adoecemos?

Quando ficamos doentes pensamos em nos curarmos e nem sequer pensamos nos motivos que nos levaram a tal doença, mas é muito importante entender as motivações que nos fazem adoecer. Afinal, por que adoecemos? Essa com certeza não é uma resposta fácil de ser respondida, mas as pessoas adoecem porque têm necessidade de adoecer, ainda que inconsciente, por mais difícil que seja aceitar esse fato. Por que haveria a necessidade para adoecê-lo? Vamos analisar alguns fatores desencadeantes do adoecer: fuga, incapacidade de expressar as emoções, desejo de autopunição, necessidade de atenção (muito comum em crianças e idosos)e estresse.
 Fuga:
A doença pode ser uma válvula de escape dos conflitos emocionais. De alguma forma, ao adoecer somos obrigados a nos retirar da rotina para buscar a cura, é como se fosse uma maneira de nos cuidarmos, e que muitos deixam esse importante quesito para a manutenção da saúde em segundo plano. Por exemplo, o caso de um empresário que sofre um infarto quando se depara com a falência de sua empresa. Muitas vezes a doença pode ser mais destrutiva que a agressão original, mas que naquele momento não foi mais possível suportar. Se a pessoa se encontra num momento de fragilidade, ou seja, sem mecanismos de defesa, mais facilmente ela adoecerá. O mais indicado é não negar o sofrimento ou o conflito pelo qual se passa, mas nem sempre a própria pessoa consegue identificar o que sente. A dor tem que ser sentida e esgotada, pois só assim será superada.

 Incapacidade de expressar as emoções:
A incapacidade de expressar as emoções é um fator importante na origem das doenças orgânicas. Em nossa sociedade, apesar de que nos últimos anos, felizmente, está realidade tem mudado, não há espaço para manifestações de afeto, exteriorização das emoções ou do sofrimento psíquico. Em nossa cultura é muito mais aceitável, por exemplo, uma justificativa pela ausência da pessoa no trabalho, em função de alguma doença física do que por alguma dificuldade emocional. É mais aceitável um enfarte, onde todos ficam comovidos e preocupados; do que uma depressão, ou outro sofrimento psíquico, que geralmente é visto como frescura. Claro que isso acontece muito mais em função da falta de conhecimento, da ignorância, do que pelo fato em si. Essa postura intolerante diante do sofrimento psicológico fica evidente no comportamento de algumas pessoas que convivemos. A doença física parece ser mais merecedora de atenção e cuidados do que aquele que sofre sem apresentar alterações orgânicas. Isso faz com que muitas pessoas tenham vergonha de sua dor psíquica, não tendo muitas vezes, espaço nem coragem, para expressar seu sofrimento, escolhendo assim, ainda que inconscientemente, a expressão pelo físico.
Como no exemplo citado do empresário, diante das dificuldades e não suportando seu sofrimento e angústia, ao sofrer um infarto, ele sabe que todos lhe darão amparo e cuidados; mas se ele se colocasse a chorar e lamentar-se por sua dor, poderia receber desprezo e ser visto como alguém fraco.
É comprovado que as pessoas que suportam suas dores sozinhas adoecem com maior frequência e de maneira mais grave que aquelas que verbalizam suas dores. Algumas pessoas criam dentro de si verdadeiras prisões emocionais. A incapacidade de comunicar com palavras seus sentimentos faz com que o corpo expresse esses sentimentos, ou seja, o adoecer é a forma inconsciente de mostramos nosso sofrimento de uma maneira mais aceitável ou quando não conseguimos fazê-lo de outra maneira.

 Autopunição:
A autopunição surge para aliviar a ansiedade causada por um sentimento de culpa, derivado de um comportamento real ou imaginário, onde a pessoa se agride internamente. São pessoas que inconscientemente se sentem culpadas e merecedoras de castigo. Geralmente com a culpa, sempre vem à autopunição.
Quando há um conflito, mesmo que não tenhamos consciência de sua existência, será motivo de muito sofrimento, e se não for adequadamente resolvido, resultará em um estado de desequilíbrio do organismo a que chamamos doença. Como nem sempre conseguimos modificar a realidade, temos que nos adaptarmos a ela. Esse processo de adaptação não ocorre impunemente. Os meios que nossa psique lança mão para controlar o conflito são através dos mecanismos de defesa, que podemos entender como válvulas de escape de uma panela de pressão, que se não existirem, a panela explode. A explosão seria a doença, pois nem sempre os mecanismos de defesa conseguem ser eficazes.

 Necessidade de atenção:
A doença surge como uma forma de obter atenção, principalmente em crianças e idosos.
A opção pelo adoecer se faz pelo que chamamos de ganhos secundários. Para muitas pessoas a doença e o repouso na cama satisfazem suas necessidades de dependência, e até de descanso, como o ambiente hospitalar, que oferecem a oportunidade de satisfação parcial ao serem alimentados, cuidados e protegidos no mundo exterior. Ou as visitas constantes ao médico, tendo que as ouça e lhes dê um pouco de atenção, principalmente entre os idosos.
Se quando crianças ficávamos doentes e éramos atendidos, quando adultos podemos relacionar ficar doente com obter atenção, buscando preencher as carências e necessidades. Quando ficamos doentes não ficamos mais carentes de atenção, colo, carinho? Isso acontece porque um dos mecanismos de defesa muito comum durante a doença é a regressão, onde passamos a ter comportamentos próprios da infância. A regressão significa uma dificuldade em enfrentar ou controlar as situações de conflito. É como se, voltando a agir como criança, desistíssemos de lutar e nos entregamos aos cuidados dos outros.

 Estresse:
O estresse é um conjunto de reações que o organismo desenvolve quando submetido a uma situação que exige esforço para sua adaptação. É uma tensão emocional constante e quando essa tensão se torna intensa e prolongada, poderá haver falha nos mecanismos de defesa e surge a doença.
A expressão corporal constitui o primeiro e mais primitivo meio de comunicação e de defesa que o ser humano dispõe, principalmente nos momentos que as defesas estejam bloqueadas.
A vinculação entre estado psicológico e baixo das defesas do organismo baseia-se nas alterações orgânicas que as situações do estresse provocam: maior produção de cortisona (hormônio produzido pelas suprarrenais), que ocorre nessas situações, levaria à maior destruição das células de defesa do organismo. A relação entre o estado psicológico e as doenças não ocorre apenas nas situações de estresse, mas também de tristeza, ou toda sobrecarga de tensão emocional.
Diante do exposto acima, podemos perceber que as origens das doenças podem ser muitas, mas se analisarmos mais profundamente pode perceber que a necessidade de adoecer está sempre relacionada com a falta de amor a si mesmo, e a necessidade desesperada de reconhecimento e atenção do mundo exterior. E ainda mais, percebemos como é importante expressarmos nossas emoções!